MEUS PAIS

Adelson Marge e Marly Martins Marge

03/07/1934 – 26/06/1998

31/10/1937 – …………..

‘‘Na verdade a Del Gás começou aqui, neste simples pirulito de groselha’’

 

Lembro-me do dia que perdi meu primeiro emprego, costumava chegar em casa as 18h, neste dia cheguei as 14h. Meu pai estava no final do corredor do prédio em que a gente morava em Olaria, um corredor bem longo, uns 50 metros, Eu fui caminhando lentamente em sua direção, quando cheguei bem perto, ele, sem eu dizer uma só palavra, disse:

 

– Foi mandado embora, não foi?

Ele me deu um abraço, daqueles que consolam as pessoas, e comecei a chorar, chorar mesmo, no seu ombro. Ele me acalmou por alguns instantes e me disse:

_ E agora, que tal ouvir o papai e vir trabalhar comigo no comércio?

Este dia foi 29 de julho de 1983. Papai tinha nesta época uma pequena indústria de brindes (canetas, chaveiros, folhinhas etc…). Ficava em baixo da casa que a gente morava em Olaria. Este prédio foi construído pelo meu avô, Bernadino Marge, com muita dificuldade, onde muitas vezes meu próprio avô foi o pedreiro, servente e encanador, e está de pé ate hoje.

Nesse ponto começa minha vida de comerciante e a DEL GÁS é fruto de uma pequena parte de tudo que meu pai me ensinou, algumas vezes com conversas, mas na maioria das vezes com exemplos.

Dentre bilhões de homens no mundo, Deus me deu o privilégio, a sorte, a honra e sei lá mais o que, de ser filho de Adelson Marge e Marly Martins Marge. Um pai exemplar, que não fez só questão de me dar o peixe, mas principalmente me ensinar a pescar, e uma mãe que me fez estudar, pois eu não queria porra nenhuma com os estudos, só queria soltar pipa e jogar bola. A ela, em especial,  devo o mérito de ter conseguido passar para o concurso do CEFET-RJ em 1980 e me formar técnico industrial em mecânica em 1982

Papai era um homem com o comércio no sangue. Começou a trabalhar bem cedo, talvez 13 ou 14 anos de idade. Ele vendia balas (estas tipo chupetas de groselha que minha avó Emilia Marge fazia em casa), nos sinais de trânsito. Sabe, em qualquer lugar que eu vejo alguém vendendo este tipo de bala eu compro. É uma bala gostosa, mas eu compro para ajudar, sei lá, é como se estivesse ajudando meu pai.

Depois papai teve ferro-velho, não de carros, mas de sucatas. Ai ele já tinha uns 18 anos e aos 21 comprou seu primeiro cinema e aos 25 tinha uma rede com 11 cinemas e o último deles, o Cine Mello de Bonsucesso, onde hoje é o Super Market. Esta é uma pequena parte da história da vida do meu pai e de onde tiro forças para enfrentar todas as adversidades que o dia-a-dia que a DEL GÁS me reserva.

Não se passa um dia em que eu não pense no papai. Um pai que amei e amo de todas as formas que um pai pode ser amado. Estou escrevendo este texto com lágrimas nos olhos. Uns podem achar exagero esta última frase, mas é a mais pura emoção e saudades do meu pai.

Pai, obrigado por suas broncas, seus ensinamentos, seus conselhos e por todo amor que o senhor me deu. Obrigado por amar minha mãe até o último dia de sua vida e por me ensinar a comprar a vender com tanta garra e brilho nos olhos. Até hoje, quando tenho que tomar uma decisão importante, eu penso, o que meu pai faria se estivesse aqui? Na grande maioria das vezes dá certo.  Pai, tenho muito, mas muito orgulho mesmo, de ser seu filho. Aonde o senhor estiver, te amo até o infinito.

Seus filhos

Rio de Janeiro 03 de julho de 2020

Adelson, Janine e Marcio

“O que são alguns anos perto da eternidade?”